sexta-feira, 13 de maio de 2016

Governo cria cinco UCs na Amazônia

As novas unidades de conservação ficam no sul do Amazonas. Também foi ampliada uma floresta nacional já existente na região.
A Floresta Amazônica brasileira contará com mais 2,83 milhões de hectares em regime de conservação. Foram criados nesta quinta-feira (12/05) o Parque Nacional do Acari, as Florestas Nacionais do Aripuanã e de Urupadi e a Área de Proteção Ambiental e a Reserva Biológica Manicoré. Também foi ampliada a Floresta Nacional Amana. Todas elas ficam no Amazonas e, juntas, ocupam área maior do que estado de Alagoas.
As unidades de conservação foram estabelecidas a partir de estudos financiados pelo Programa Áreas Protegidas da Amazônia (Arpa). Situadas ao sul do Amazonas, na bacia do Rio Madeira, as áreas têm enfrentado pressões e, agora, passarão a permitir o incremento da economia local baseado no manejo florestal sustentável. Parte delas também possibilitará o desenvolvimento do ecoturismo em razão das belezas naturais.
Com a maior área entre as novas unidades criadas, o Parque Nacional do Acari garantirá a proteção integral de 896 mil hectares de Floresta Amazônica. O objetivo é preservar o ecossistema, contribuir para a estabilidade ambiental e desenvolver atividades de recreação e educação em contato com a natureza local. A área registra a presença de espécies ameaçadas de extinção e tem fauna silvestre abundante, com mais de 150 espécies de mamíferos e mais de 600 de aves.
RIQUEZA BIOLÓGICA
Os estudos revelam que a região da Flona do Aripuanã apresenta extrema riqueza biológica e um consequente potencial científico. Nos últimos 10 anos, foram descobertas pelo menos três espécies de primatas e duas de aves. Além do desenvolvimento de pesquisas, a criação da Floresta Nacional garantirá a permanência de povos tradicionais, a manutenção dos recursos hídricos e da biodiversidade e o manejo sustentável.
Na mesma região, ao norte da BR-230, a Flona do Urupadi promoverá o uso sustentável dos recursos naturais. A criação da Floresta Nacional proporcionará maior segurança para a Estação Ecológica Alto Maués e contribuirá para a conservação de primatas que vivem na área. Esse conjunto de unidades de conservação das redondezas incrementará, ainda, a economia de base florestal na região.
AMPLIAÇÃO
Já existente, a Flona do Amana teve o acréscimo de 141 mil hectares. A ampliação permitirá a manutenção e proteção dos recursos hídricos e da biodiversidade aliado ao manejo sustentável dos recursos madeireiros e não-madeireiros da região. Assim, será assegurada a conectividade dos ecossistema locais já que essa é uma área isolada em meio a um conjunto de unidades de conservação já existentes, o que representava um potencial foco de pressão.
Complementares, a Área de Proteção Ambiental (APA) Campos de Manicoré e a Reserva Biológica (Rebio) Manicoré protegerão a diversidade biológica da região. O ecossistema local é considerado frágil e não estava representado em qualquer unidade de conservação federal. Na APA, será disciplinado o processo de ocupação em acordo com a conservação ambiental. Já a Rebio possibilitar a proteção de parte dos rios Manicoré, Manicorezinho, Jatuarana e seus afluentes.

FICHA TÉCNICA
Confira os dados de cada unidade de conservação criada:
PARQUE NACIONAL DO ACARI
Municípios: Apuí, Novo Aripuanã e Borba
Área: 896 mil hectares
 
FLONA DO ARIPUANÃ
Municípios: Apuí, Manicoré e Novo Aripuanã
Área: 751 mil hectares
 
FLONA DO URUPADI
Município: Maués
Área: 537 mil hectares
 
REBIO MANICORÉ
Municípios: Manicoré e Novo Aripuanã
Área: 359 mil hectares
 
APA CAMPOS DE MANICORÉ
Município: Manicoré (AM)
Área: 152 mil hectares
 
FLONA DO AMANA
Município: Maués (AM)
Acréscimo: 141 mil hectares
 
Confira a publicação no Diário Oficial da União:
MMA
Postado por: Ygor I. Mendes

quarta-feira, 11 de maio de 2016

Evento em Manaus chama atenção para valorização de anfíbios

'Save The Frog Day' acontece nesta quarta (11) a partir das 14h30.Durante evento, start up apresentará game novo.





Manaus recebe pela primeira vez, nesta quarta-feira (11), o Save the Frogs Day. O evento tem como objetivo incentivar a valorização dos anfíbios e acontece a partir das 14h30 no Museu da Amazônia (MUSA), localizado no bairro Cidade de Deus.
O Save the Frog Day é organizado pelos biólogos Lucas Ferrante do Instituto Boitatá, Igor Kaefer  e por Luciana Frazão, da Universidade Federal do Amazonas (Ufam) e pela equipe do Museu da Amazônia.
Durante o evento, a organização e a Flying Saci Game Studio (start up amazonense) apresentarão um game chamado Tad The Pole, voltado para a conservação de anfíbios, e que as turmas das escolas presentes no evento poderão jogar.
G1GLOBO
Postado por: Ygor I. Mendes

sábado, 7 de maio de 2016

Mães tikuna visitam creche para luta contra preconceito: 'desafiador', dizem

Mães de crianças trocaram experiência com indígenas em projeto. 
Cultura indígena e tolerância é assunto discutido em sala de aula.

Mães indígenas (Foto: Ive Rylo/G1 AM)Mães indígenas. À direita, Ümaünâ (Foto: Ive Rylo/G1 AM)
O O pássaro "azulão" que sobrevoa as aldeias da etnia Tikuna no município de Tabatinga, a 1.108 km de Manaus, ganhou fama para além das terras do Alto Solimões nesta semana.  Em uma grande roda, o poema indígena que fala sobre a ave foi entoado por mães Tikunas para mães e crianças não indígenas em uma escola na capital.

Mais que um momento de descontração às vésperas do "Dia das Mães", a singela canção aproximou culturas distintas e semeou a necessidade da tolerância e respeito às diferenças entre os pequenos.

Mãe e filha durante encontro (Foto: Ive Rylo/G1 AM)Respeito este, que vem sendo defendido pela artista e artesã Tikuna, Eucilene Ponciano Pereira, 49 anos, Ümaünâ, há anos. “Acredito que tem que respeitar. Preconceito existe mas, não serve para nós. Somos todos iguais”, defendeu.

Ümaünâ lembra que assim que chegou aManaus, há 24 anos, a filha mais velha – hoje com 30 anos – foi agredida pelos “coleguinhas” em uma escola pública, quando descobriram que ela é indígena. “Quando ela chegou em casa, depois da agressão, chorou. Ela me perguntou porque os outros alunos chamavam ela de índia e brigavam. E eu dizia que nós somos índios e temos que ter orgulho de ser indígena. Dizia também para ela não revidar, se cutucassem outra vez”, disse.

Quinze anos depois, Ümaünâ assiste ao caçula passar pelo mesmo drama na escola.  “Nossas crianças agora passam pela mesma coisa. Meu filho de 14 anos estuda na mesma escola e também chamam ele de índio, [como se fosse] ruim. Continua tudo igual”, lamentou.

Na tentativa de contribuir para a abolição deste preconceito social enraizado, Ümaünâ usa a cultura indígena como arma. Junto ao grupo, ela leva a música, o artesanato e a dança Tikuna para escolas em toda a capital.

“A gente mostra a nossa cultura, a nossa língua, como a gente vive. Passamos para nossos filhos e para os outros que não conhecem. Isso é importante para que nos conheçam e nos respeitem, porque não é porque somos indígenas que valemos menos”, avaliou.
Cultura na escola
Foi na Creche Escola Vida, no bairro Aleixo, Zona Centro-Sul, que mães indígenas e não indígenas trocaram experiências e deram um passo importante em busca de transpor a barreira do preconceito.

A atividade fez parte de um projeto que vem sendo realizado há um mês pela unidade. Lá, diferentes etnias, grafismos, artesanato, culinária e modo de viver dos indígenas do Amazonas, viraram matéria de sala de aula.

“É uma proposta desafiadora, todos sabem que o preconceito existe e queremos quebrar esses preconceitos. Olhar para nosso irmãos índios de uma forma diferente, aceitá-los em nossa sociedade e tratá-los com dignidade. As mães abraçaram a ideia e as crianças puderam conviver com  esta cultura maravilhosa”, afirmou a diretora da Creche Escola Vida, Swely Imbiriba da Costa.

Os estudantes tiveram oportunidade inclusive de visitar a escola Tikuna, que fica na comunidade Wotchimaücü, no bairro Cidade de Deus, Zona Leste. "Algumas (crianças) se olharam e ficaram desconfiadas, depois elas brincaram juntas. E puderam presenciar aquilo que as professoras já tinham falado como o alfabeto Tikuna e as pinturas indígenas. Criança em qualquer lugar é criança. O preconceito quem coloca são os adultos”, afirmou a diretora. 
Interação aprovada pelas mães
O pequeno Bernardo do Lago Barros, 3 anos, participou da visita à escola indígena. Em casa, a mãe dele, a jornalista Emanuela Lago, 37 anos, ouviu um relato encantado do filho. "Ele chegou em casa contando que foi na escola indígena e que gostou dos instrumentos musicais. Ele adorou o som que sai do chocalho", afirmou.

A proposta de aproximar famílias de culturas diferentes causou, no primeiro momento, certo estranhamento às mães. “Confesso que tive certo receio assim como outras mães, mas depois que eu entendi, gostei muito. São culturas diferentes e foi bem legal vivenciar isto junto aos meus filhos. Foi muito bom para que eles percebam que não existe só aquele mundo que eles vivem”, disse.

As danças indígenas chamaram mais atenção do pequeno Lucas de Deus Rabello, 5 anos, durante visita a comunidade. Para a mãe dele, a bióloga Cláudia Pereira de Deus, 52 anos, a oportunidade de possibilitar ao filho experiências novas foi muito positivo. “É uma experiência bem diferente, trazer a cultura indígena para próximo de nós, uma cultura que também faz parte da gente, porque somos brasileiros. Quanto mais diversificar melhor”, analisou.
Mães que participaram o evento (Foto: Ive)Mães que participaram o evento (Foto: Ive Rylo/G1 AM)


Conhecer a cultura indígena é um passo importante para que o respeito às diferenças floresça. “Cada vez mais a gente se distancia da nossa tradição e acho importante conhecer e valorizar a nossa cultura indígena. É importante as crianças aprenderem desde cedo a história, para que a criança não vire um adulto com preconceito. A escola faz bem este papel de integrar”, analisou a Analista de Marketing Priscila Furtado, 32 anos, mãe do Lucca Furtado, 3 anos.

Já a bióloga Cristina Bührnheim, 45 anos, mãe da Ava Kinupp, 4 anos, observa que além do respeito as diferenças, a experiência também chamam atenção para a importância de preservar a natureza. 

"Esse contato com a cultura indígena, é muito válida, faz valorizar os elementos da natureza. A professora enfatiza que é muito importante a criança perceber o ar, a água, a terá, interagir com a natureza de forma harmônica. A Escola Vida trabalha muito a interação. A interação com indígenas faz, não só valorizar a cultura, mas respeitar o indígena e respeitar o próximo”, disse.
Grupo de mães (Foto: Ive Rylo/G1 AM)Grupo de mães (Foto: Ive Rylo/G1 AM)
G1GLOBOPostado por: Ygor I. Mendes