quarta-feira, 16 de maio de 2012

'Medir o nível do rio não tem preço', diz responsável por serviço no AM (Postado por Lucas Pinheiro)

Todos os dias, às 6h, período em que as águas do Rio Negro estão mais calmas, um profissional do Porto de Manaus entra em uma pequena embarcação rumo a um local importante no monitoramento da cheia. Em uma régua posicionada naquela área, é dele a responsabilidade de fazer a leitura do nível das águas. Nesta quarta-feira (16), Valderino Pereira da Silva cumpriu novamente a atividade que desenvolve há mais de 20 anos, mas com uma diferença: o registro do dia indicou que o Negro nunca havia subido tanto. Às 6h30, a cota era de 29,78 metros. A marca supera em 1 cm a registrada em 2009, quando o nível do rio chegou a 29,77 m, o maior até então.

Engenheiro do porto há mais de quatro décadas, Valderino da Silva tem 63 anos, é casado, pai de três filhos e formado em engenharia civil. Há 23 anos, é responsável pelo trabalho hidrográfico. Em época de cheia, imprensa e diversos órgãos o procuram logo nas primeiras horas da manhã. É das anotações dele que serviços como o Geológico do Brasil (CPRM) registra e desenvolve análises sobre o nível das águas. O alerta de cheia também é resultado desse estudo. "Tem dia que eu ainda nem fiz a leitura e já estão me ligando. Eu não me importo, repasso a informação com maior prazer. Isso faz parte da minha vida", afirma.

Desde o nascimento, seu Valderino, como é conhecido, diz já ter testemunhado as maiores cheias no estado. "Em uma das maiores, de 1953 (29,69 m), eu tinha apenas 4 anos e não recordo. Mas da de 1976 (29,61 m) eu lembro bem e foi muito ruim. A de 2009 (29,77 m) foi bastante divulgada pelos meios, e quem acompanhou sabe o estrago que fez", diz.

Em relação à cheia de 2012, ele fala com a preocupação de quem vê de perto o fenômeno. "Pelo jeito isso ainda vai continuar, as águas não vão parar de subir agora. É algo que impressiona e infelizmente está causando sofrimento a milhares. Esse trabalho me faz sempre ter pelo menos dois pensamentos. O primeiro, de que é importante repassar esses dados para quem analisa e pesquisa; o segundo, de que não é interessante ver o rio subir e o sofrimento de milhares de famílias continuar", conta.

Sobre a satisfação da atividade que realiza, ele diz que a mesma não está no seu contrato, mas a faz por dedicação e sem querer nada em troca. De acordo com Valderino, apesar de considerar uma atividade simples, diz que ela já lhe rendeu entrevista em rede nacional e uma condecoração na Assembleia Legislativa do Estado. "Eu já entrei ao vivo no programa da Ana Maria Braga, apareci no Jornal Nacional e ganhei a medalha Ruy Araújo por relevantes serviços", destaca.

Apesar de ser funcionário do porto, Valderino da Silva é servidor federal aposentado. Segundo o engenheiro, ele não tem previsão para deixar o trabalho que realiza. "É uma atividade gratificante que não faz parte de minhas obrigações, eu faço e com orgulho. Informar a sociedade não tem preço", conclui.

quinta-feira, 3 de maio de 2012

Cheia no Amazonas faz moradores de área urbana utilizarem canoa (Postado por Lucas Pinheiro)

As águas do rio Negro invadiram diversos bairros da área urbana de Manaus. As vias estão alagadas e, para facilitar a entrada e a saída de casa, moradores utilizam canoas para se locomover. No bairro da Glória, Zona Oeste da capital, barcos ocupam o lugar de carros.

A Defesa Civil Municipal estima que aproximadamente 3,6 mil famílias serão afetadas pela subida do nível da água do Rio Negro. Pelo menos 11 bairros terão áreas alagadas somando cerca de 18,3 mil pessoas atingidas.

A Glória é a área mais afetada pelos alagamentos. A Defesa Civil contabiliza 720 casas e 4.320 moradores prejudicados pela subida dos rios. O Presidente Vargas, na Zona Sul, aparece em segundo com 595 casas e 3.570 moradores enfrentam problemas. O São Raimundo tem 495 residências atingidas pela água e 2.970 moradores desabrigados.

A cidade de Manaus decretou situação de emergência no dia  27 de abril. O documento autoriza a Subsecretaria Municipal de Defesa Civil (Subdec) a colocar em ação o Plano Emergencial de Resposta aos Desastres.

Ações emergenciais
O Plano Emergencial de Resposta aos Desastres possibilitará a construção de pontes de madeira, além de ações básicas de saúde, como a distribuição de medicamentos e cartilhas, e também a concessão do 'Cartão Enchente', que doará um benefício financeiro no valor de R$ 400 para pessoas cadastradas e comprovadamente prejudicadas pela enchente.

Cidades em emergência
Das 62 cidades existentes em todo o Amazonas, 37 já decretaram situação de emergência por causa da cheia que atinge as calhas dos rios Negro e Solimões. A Defesa Civil do Estado afirmou que 61.820 pessoas estão sendo afetadas pela subida do nível das águas.

quarta-feira, 2 de maio de 2012

Cheia de 2012 no AM será a maior da história, diz Serviço Geológico (Postado por Lucas Pinheiro)

O Serviço Geológico do Brasil (CPRM) divulgou na manhã desta quarta-feira (2) um novo alerta de cheia do Rio Negro, que já atingiu 16 bairros de Manaus. A previsão é que a marca de 2012 ultrapasse o nível de 2009. Neste ano, a cota máxima pode atingir 30,13m, e a mínima é de 29,40m. A Defesa Civil do Amazonas anunciou que aumentou para 38 o número de municípios afetados pelas cheias dos rios amazônicos.

De acordo com o Serviço Geológico do Brasil (CPRM), a subida das águas deve continuar pelos próximos 60 dias. "A cheia de 2012 surpreende. O rio está subindo entre 4 e 6 centímetros por dia. A expectativa é que nas próximas semanas esse ritmo diminua. Esperamos que as águas subam entre 2 e 3 cm diariamente", declarou o superintendente do CPRM, Marco Antônio Oliveira.

Na cheia de 2009 o rio Negro atingiu 29,77 metros. Nesta quarta, o nível está em 29,30 cm, ou seja, a menos de 50 centímetros do registro de 2009. O rio deve continuar subindo até o fim do mês de junho.

Segundo o CPRM, o fenômeno La Niña é o responsável pela cheia. "Ele provocou o resfriamento das águas do Oceano Pacífico e gerou acúmulo de chuvas nas calhas do rios na Amazônia", afirmou Oliveira.

Durante a divulgação do alerta de cheia, a Defesa Civil do Amazonas anunciou que já são 38 o número de cidades afetadas pela cheia no Estado. O município de Barreirinha, a 383 Km de Manaus, o último a decretar situação de emergência, também enfrenta problemas com a cheia de 2012. Manaus, que anunciou situação de emergência, ainda não entregou a documentação oficial à Defesa Civil do Amazonas.

Ainda segundo o órgão, o Estado já gastou R$ 850 mil em ajuda a nove municípios. O Governo Federal já repassou R$ 10,5 milhões em ajuda às famílias afetadas pela cheia, porém, problemas burocráticos impedem o Estado de usar o recurso imediatamente.